segunda-feira, maio 15, 2006

são paulo sitiada

recebi um email no egrupo, escrito por uma aluna da fau, que me chamou a atenção. eu assino embaixo.
não resta muito a dizer, a não ser que há o perigo de, com isso, incitar-se uma onda neo-direitista pela elite brasileira. e isso não será nada bom.
aqui vai o email (e recomendo ler o trecho de entrevista que está linkado):
~
"Já ouviram falar da bomba sociológica?
Quem falava dela era Milton Santos (não era?), e Ermínia Maricato trouxe à tona não faz muito tempo. Mas não precisa dar esse nome: é disso que estamos falando quando se torna óbvio que a altíssima concentração de renda e de todo tipo de recurso acarreta uma profunda e ampla violência. Tinha gente que falava: “mas cadê essa bomba que não explode?” Bom, na verdade ela já tá explodindo faz tempo, mas de qq forma temos hoje uma resposta definitivamente contundente.
Li essa entrevista na Folha online (http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u121505.shtml). Não conhecia esse sociólogo e, apesar de aparentemente ele esperar uma revolução pela via passiva (“se as elites não se movimentarem”), o que não é exatamente uma boa, achei que ele traz uns esclarecimentos que talvez todos recebam, agora que a ferida tá em pus, um pus em que não é possível definir quem é leucócito, quem é bactéria. Mas ferida é ferida, e fica claro então que concetração de renda é ruim pra todo mundo. E diz o ditado que persistir no erro é burrice.
Pra uns isso tudo é óbvio, pra outros talvez se torne irrefutável só agora. Mas então a gente tem que pegar essas obviedades e fazer não-sei-o-quê, mas alguma coisa! Os fatos que banharam os últimos dias têm sido um exemplo sem igual de como uma rede de ação pode ser poderosa, nesse caso contra a “““ordem””” personificadamente centralizada (que ainda por cima garante que não precisa de ajuda, está tudo sob controle). Tudo bem que a ética do crime organizado é no mínimo diferente, mas tivemos que esperar por ele pra deixar isso na cara.
Em geral, a gente tem mania de se isentar de responsabilidades, mas tbem temos muita, especialmente pq a cada dia consentimos com tudo, quando jogamos a culpa de um lado pra outro, quando de alguma forma apoiamos a idéia de que todo e qualquer ladrão apóia-se exclusivamente em sua suposta má índole e vagabundisse, quando associamos pobreza com delinqüência, quando calamos diante da continuidade da política neo-liberal, etc. Os ataques a civis, que se iniciam, são mais uma prova da importância de cada um, formando o todo, caso contrário não seríamos alvos. Se essa zona for controlada, qdo isso acontecer será um momento altamente propício pra colocar a mão em algumas cumbucas.
É bom lembrar sempre que temos nas mãos um instrumento poderoso, que é a internet, que ainda não aprendemos a usar muito bem.
Espero que não nos apareçam (se é que isso é possível, ainda) com mais um lote de políticas sociais-placebo, tratando a população como gado – não podem ser eliminados os pobres, afinal eles são tão úteis! o que seria da concentração de renda sem eles? por outro lado, é preciso mantê-los minimamente calados. Não é assim que tem sido, governo após governo?
A gente pode até pensar, ler, discutir, pensar e pensar, e chegar à conclusão de q toda ação, ou quase isso, seria tola a ingênua, e que não há saída. Mas ainda não estou convencida de que isso é justificativa pra tanto desolamento, comodismo (às vezes) e ressentimento social.
Pois não?
Hein?
dri
"

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