terça-feira, julho 19, 2005

èco!

uma pausa nessa besteira toda de geladeira (haha)
mas acho que vou deixar um link direto pra essa história aí na direita, pq temo que será um post infinito.

ando lendo um livro do Umberto Eco para o meu TFG, chama-se "Viagem na Irrealidade Cotidiana". é antigo, escrito em meados dos anos 70. mas é legal ver como algumas questões acabaram sendo resolvidas ao longo dos anos, de maneiras impensáveis na época; outras permanecem exatamente iguais e inalteradas; e outras não estão mais no lugar, mas porque simplesmente mudaram de endereço.
vai aí um trecho que me chamou a atenção:
~

A Insecuritas

"Insegurança" é uma palavra-chave: é preciso inserir essa sensação no quadro das aflições milenaristas ou "quiliásticas": o mundo está no fim, uma catástrofe final acabará com o milênio. Os famosos horrores do ano Mil são uma lenda, como já foi demonstrado, mas que durante todo o século X serpentava o medo do fim, isso também já foi demonstrado (exceto que no término do milênio a psicose já tinha passado). No que se refere aos nossos dias, os temas recorrentes da catástrofe atômica e da catástrofe ecológica (além do presente estudo) bastam para indicar vigorosas correntes apocalípticas. Como corretivo utópico havia naquela época a idéia da "renovatio imperii" e há hoje a idéia bastante modulável de "revolução", ambas com sólidas perspectivas reais, salvo defasagens finais em relação ao projeto (não será o Império a se renovar, mas haverá o renascimento das comunas e as monarquias nacionais a disciplinar a insegurança). Mas a insegurança não é apenas "histórica", é psicológica, incorpora-se na relação homem-paisagem, homem-sociedade. Perambulava-se pelos bosques à noite vendo-os apinhados de presenças maléficas, não era conveniente aventurar-se tão facilmente fora do povoado, andava-se armado; condição a que chega o habitante de Nova Iorque, que não põe mais os pés depois das cinco da tarde no Central Park, ou presta atenção para não pegar um metrô que o deixem, por engano, no Harlem, nem toma o metrô sozinho depois da meia-noite, e mesmo antes, se é uma mulher. Entretanto, ao mesmo tempo que em toda a parte as forças policiais começam a reprimir os saques mediante massacres indiscriminados de bons e maus, instaura-se a prática do roubo revolucionário e do seqüestro de embaixador, assim como um cardeal com seu séquito podia ser capturado por um Hobin Hood qualquer e ser trocado por um par de alegres companheiros da floresta, destinados à forca ou à roda. Último retoque no quadro da insegurança coletiva, o fato de que como naquela época, e diferentemente dos usos instaurados pelos Estados modernos liberais, a guerra não é mais declarada (a não ser no fim do conflito, vide Índia e Paquistão) e nunca se sabe se se está em estado de beligerância ou não. De resto, que se vá a Livorno, a Verona ou a Malta para perceber que tropas do Império aquartelam-se nos vários territórios nacionais como presídio contínuo, e trata-se de exércitos plurilíngües com comandantes continuamente tentados a usar essa força para guerrear (ou fazer política) por conta própria.

2 comentários:

Dedeflavor disse...

eu pensei em várias coisas pra comentar, mas como não consigo me ater a apenas uma, não vou dizer nada. enfim, já foi algo. nhé.

Dedeflavor disse...

marido, você não vai chorar enquanto eu estiver fora, né?
se cuide e nada de baladas!!!
hehehe
beijos